Um dos principais receios das grávidas durante esse período tão delicado da vida feminina, em que elas já estão fragilizadas e sofrem com tantas mudanças hormonais, tem relação com a saúde bucal. Durante muito tempo, a ligação da gestante com o dentista foi: “Não vá, adie o quanto puder e é proibido!”
OS CUIDADOS ODONTOLÓGICOS SÃO PRATICAMENTE OS MESMOS PARA QUALQUER MULHER, INDEPENDENTE SE ELA ESTÁ GESTANTE OU NÃO.
É muito importante uma escovação correta, bem como a utilização do fio dental. As pastas de dentes presentes no mercado são de excelente qualidade e contém flúor em sua composição. Quanto à escova dentária, deve ter a cabeça pequena e as cerdas macias, permitindo a escovação de todos os dentes e, ao mesmo tempo, massageando a gengiva. Caso sejam observados áreas de sangramento quando da escovação, estes sinais podem ser indicativos de uma gengivite de grau leve, devendo a gestante consultar seu dentista.
Na gestação, ocorrem diversas alterações no organismo da mulher que podem levar ao aparecimento de problemas dentais e gengivais, como podemos destacar:
– Aumento da acidez bucal;
– Aumento da ingestão de alimentos em menor espaço de tempo;
– Mudança nos hábitos alimentares;
– Diminuição nos cuidados com a higienização bucal, principalmente após o parto, quando a atenção está mais voltada para a saúde do bebê;
– Alterações hormonais.
Com relação à realização ou não de tratamento durante a gravidez, é lícito afirmar que independente do mês, a gestante poderá receber tratamento odontológico durante qualquer período gestacional, muito embora o segundo trimestre seja o ideal devido à maior estabilidade. Claro que alguns cuidados devem ser observados. Por exemplo, sendo realmente necessário o exame radiográfico, o mesmo deve ser realizado observando as normas de proteção (uso de avental de chumbo, protetor de tireóide, etc.), e que no primeiro trimestre da gravidez não é recomendável sua execução.
Em relação ao desenvolvimento do bebê, podemos verificar que por volta da sexta semana de gestação, os dentes decíduos (“dentes de leite”) começam a se formar, o mesmo acontecendo com dentição permanente, que se forma a partir do quinto mês de vida intrauterina. Por esse motivo, a gestante deve ter uma dieta equilibrada (nesse período, é comum as mamães terem os conhecidos “desejos”, ocasionando aumento exagerado do consumo de açúcar) e uma higiene oral adequada, além de uma perfeita saúde geral.
Muitas vezes, esses famosos “desejos” levam a um maior consumo de carboidratos e açúcar (na forma de bolos, doces, biscoitos, balas, chocolates, etc), os quais por serem consumidos com freqüência, ocasionam a queda do pH bucal, dificultando a volta ao nível normal, contribuindo para a formação da placa bacteriana e ao mesmo tempo, propiciando o ambiente adequado para o desenvolvimento de bactérias cariogênicas e, conseqüentemente, novas lesões de cárie.
É fato rotineiro ouvir das gestantes que durante a gestação “seus dentes tornaram-se mais fracos e quebradiços” e “as gengivas começaram a sangrar de forma espontânea”. Contudo, geralmente, estes fatos são decorrentes de uma higiene bucal deficiente aliado à alimentação inadequada e que durante o período gestacional, a visita ao dentista não deve ser deixada em segundo plano.
Faz-se necessário o atendimento multidisciplinar, com o dentista atuando em conjunto com o obstetra, fornecendo informações à futura mamãe como orientações quanto à dieta, higiene bucal, uso racional do flúor, amamentação, importância dos dentes decíduos – “dentes de leite”, primeira visita do bebê ao dentista…